domingo, 27 de junho de 2010

Hemorragia interna

Em "Coração Valente" épico do cinema dos anos noventa, que retrata o início da revolução escocesa para se libertar do poderio inglês há um diálogo curto, porém marcante entre o Rei Edward e um de seus ministros. Nessa pequena conversa o rei pergunta retoricamente: "Sabe qual é o problema da Escócia ? O problema da Escócia é que ela está cheia de Escoceses". Nos dias tapuias em que vivemos, essa pergunta poderia ser reformulada da seguinte forma - retórica também. "Sabe qual é o problema do PSDB ? O problema do PSDB é que ele está cheio de tucanos." Tucanos que sabem como poucos grupos dentro de um partido a forma tão precisa de como perder tão bem eleições presidenciais e isso vem desde 2002, quando perdeu o palácio do Planalto para o PT de Lula ou seria o Lula do PT ? Bom agora isso não vem ao caso. 
Os tucanos desde a tentativa totalmente frustrada de eleger um sucessor de Fernando Henrique, na época na pessoa de José Serra, em 2002 mostrou uma tendência fortíssima de conseguir enfiar os pés pelas mãos - ou no caso, as patas pelas asas - já que estamos falando de uma ave.  No pleito que elegeu Lula, Serra praticamente era uma voz clamando sozinho no deserto - embora essa imagem esteja mais ligada a São João Batista. Há quem diga até hoje que Serra fora abandonado propositalmente pelos grão-tucanos para que assim o caminho estivesse livre para a esquerda. Mas independente de acordos que resvalam em teorias da conspiração, o fato é que os tucanos não emplacam uma boa campanha eleitoral desde então. Haja vista que quatros anos depois, em um intervalo de tempo onde viu-se de tudo em Brasília, desde casas do terror, passando por amantes de senadores que saem nuas em playboys da vida e assistindo a irmãos de deputados do primeiro escalão petista que são detidos em aeroportos com dólares na cueca sem nos esquecermos do famoso Mensalão - que Lula jura de pé junto nunca ter existido, mas que abalou profundamente o governo e que fez cair muitos nomes fortes. Pois bem, nem mesmos todos esses fatos - que são os mais marcantes da época, deram impulso para a tentativa de eleger Geraldo Alckmin em 2006, que na época era chamado apenas de Geraldo, uma das "brilhantes" peças publicitárias do tucanato para deixar o candidato com mais cara de povão. Na verdade, o que se viu foi outro vôo solo e breve.
Agora para as eleições de 2010, que ainda nem começaram diga-se, o filme começa a se repetir ainda nos trailers, ou seja já no início -  o filme e as rachaduras dentro do partido. Primeiramente foi a disputa para ver quem seria o pré-canditado a pré-canditado para disputa eleitoral, Serra ou Aécio Neves, governador de Minas Gerais - que apenas para nos lembrar-mos é o segundo maior colégio eleitoral do país. Serra venceu e a racha já estava formada. Com o nome do candidato a presidente resolvido o PSDB passou a ter outro problema que até o momento foi o mais barulhento e desgastante para os tucanos. Com Serra candidato, quem seria seu vice ? Aécio seria o nome mais forte para a tentativa de uma "chapa puro-sangue", onde tanto o candidato a presidente como seu vice seriam tucanos. A outra solução seria realizar-se coligações principalmente com o PFL, quer dizer, com o Democratas, os quais nomeiariam o vice de Serra. Assim como o PT fez com o PMDB escolhendo Michel Temer para vice de Dilma e como os próprios tucanos fizeram no passado.
  • A chapa puro-sangue tucana desagrada a todos os outros partidos que irão apoiar o PSDB na empreitada - tais como PTB (de Roberto Jefferson), e o Democratas, que é nesse montante de siglas o partido mais forte. Uma chapa 100% tucana, pode gerar problemas de ordem geográfica, já que não é novidade o partido não ter tanta força em algumas regiões como o nordeste - região que colaborou e muito na reeleição de Lula em 2006.
  • Uma chapa tendo um vice de outro partido seria mais aceitável, pois daria mais força para os tucanos - afinal andorinha só não faz verão que dirá um tucano. E até mesmo pelo ponto de vista do poder. Dividir o poder sempre é mais salutar para a democracia.


Mas parece que o PSDB quer bancar o partido ariano e esta semana soltou a informação - não confirmada por Serra, vejam só, de que o vice seria o grão-tucano Álvaro Dias, atual senador pelo Paraná. Uma pessoa pública em um estado que Serra já tinha antes do anúncio a maioria dos votos, conforme pesquisas recentes. Parece que o PSBD quer ganhar onde já está ganho, ou seja, está chovendo no molhado. 
Observando sob o ponto de vista estratégico - dividir para conquistar - seria a melhor atadura para essas hemorragias que vem desde sempre fazendo o partido perder força. Já que os teimosos bicudos querem uma chapa somente sua, deveriam ter confiado o cargo de vice para algum nome onde o candidato tem menor potencial de voto: leia-se no norte ou nordeste. O que no caso poderiam se pensar em nomes como Arthur Virgílio, senador pelo Amazonas e líder do partido no Senado ou o presidente nacional do partido e péssimo coordenador de campanha, Sérgio Guerra, senador por Pernambuco.
Mas parece que esses nomes não interessam muito, parece até que o PSDB faz questão de perder as eleições nos estados dessas regiões - e que é bom explicar - são regiões que votam maciçamente no PT de Lula, Dilma, Jackes Wagner e por aí vai.

As pesquisas atuais já dão à Dilma vantagem nas pesquisas. Disso pode-se tirar duas conclusões. O efeito de suas aparições na mídia, impulsionada é claro por seu super-cabo eleitoral, o presidente Lula. A outra conclusão que pode ser analisada é que as brigas internas do PSDB já estão surtindo efeito - ou seja  o placar já registrou os gols contra que o partido fez questão de marcar.

Agora, para não perder mais este pleito que se anuncia e principalmente não perde-lo de barbada os tucanos terão de fazer muitos voos unidos, assim como fazem os patos, para que assim mais uma vez Serra e seu partido não sejam o pato da vez e deem assim mais quatros anos de poder para a esquerda.

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