segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sal e Pimenta



A oposição no Brasil existe tanto quanto a democracia na China ou na Nigéria. Um dos maiores problemas do atual cenário político é a exatamente a falta dela. O PSDB entregou os pontos há muito tempo. A direita jogou a toalha antes de começar o primeiro round e claro, tendo a ocasião bem a sua frente a esquerda petista deitou e rolou.
A oposição em tempos não eleitorais deve ser como o sal. Deve temperar a política para que a situação não torne as coisas insossas ou seja corruptíveis como fez o PT ao chegar em Brasília em 2003. Lula e sua turma disseram ser hipertensos e a oposição acreditou.  O Sal, bíblico que é, não esteve na dieta da direita desde que esta tornou-se oposição. A direita, como toda direita, sempre foi considerada elitista e como toda elite não gosta de fazer barulho. PSDB, DEM e Cia limitada esqueceram de salgar o Legislativo e principalmente o Executivo nos últimos oito anos. Lula, faz o que quer, pois não há salmoura que o detenha.

A pimenta que sempre dá um gosto especial para qualquer prato, deveria ser usada em tempos eleitorais e principalmente eleitoreiros. A oposição deveria apimentar as eleições – assim como fez o candidato de extrema esquerda Plínio de Arruda.
Os grão-tucanos entraram na disputa presidencial achando que estavam jogando dama com um vizinho e no final das contas a pimenta entrou nos olhos de todo o tucanado principalmente os de José Serra, que desde sempre tomou caminhos errados nesta campanha – o principal erro foi não ter um discurso de uma direita que está cansada de tanta corrupção nesta terra sem lei. Segundamente Serra fez em alguns momentos discursos que pareciam mais de uma esquerda moderada do que uma direita central – como é a ideologia do PSDB, mesmo tendo como vice um representante da direita quase extrema que é o DEM.

Faltou tempero no molho tucano desde que Sérgio Guerra (senador pelo CE e presidente nacional do PSDB) assumiu a coordenação da campanha de Serra. Guerra já tinha em seu histórico a derrota de Geraldo Alckimin nas eleições passadas, quando Lula se reelegeu com uma mão nas costas. O tom daquela campanha tucana, não destoa muito da atual – os resultados também não. Mas o que é mais preocupante não é o tom e a forma usados pelo PSDB em suas campanhas eleitorais. O que preocupa é justamente a falta de sal e pimenta, ou seja a falta de oposição, que a Oposição não teve força para exercer – ou seria vontade em oito anos de mandato petista. Desde que Lula chegou ao poder, os escândalos de corrupção o acompanharam, a saber: 
  • Mensalão;
  • Morte do prefeito de Santo André;
  •  Dinheiro ilícito;
  • Caixa dois;
  • Artimanhas de seu filho Lulinha que hoje é o dono da Embratel;
  • Ataques contra a imprensa;
  • Espionagem e vazamento de informações confidenciais de adversários políticos.



Em nenhum desses episódios a oposição gritou, chiou, esperneou ou fez qualquer coisa do gênero. Não colocaram nem um pouquinho de sal ou pimenta no banquete de falcatruas que a esquerda petista dá em grande escala país afora e aí a política brasileira cai em uma grande armadilha, pois como disse Benjamim Desraeli, ex-primeiro ministro britânico "nenhum governo pode ser sólido por muito tempo se não tiver uma oposição temível".
Se uma oposição que não é temida, já está enfraquecida, que dirá a total falta dela, como se vê hoje no país.

A oposição, com seus candidatos, que gritam sem nexo nem contexto no deserto, ajudam e muito aos esquerdopatas a permanecerem no poder. Lula tem quase oitenta por cento de aprovação, parte disso é mérito dele a outra parte é demérito da oposição que conseguiu aos pouquinhos marcar um golaço contra a democracia e isso é um mérito todo deles.


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