sábado, 22 de outubro de 2011

Crônicas Imperfeitas - Coisas Simples

As crônicas Imperfeitas agora são também o nome do blog, então vamos lá para mais groselhas:

O que é simples para você? Geralmente altos graduados em RH nos questionam isto naquelas débeis, inúteis e chatas dinâmicas de grupo. Usualmente não sei responder. Talvez porque a faculdade não tenha me ensinado isto. Vi economia, administração, marketing, etc, etc e tal, mas não me recordo das aulas de simplicidade. 
Agora, numa tentativa nada acadêmica, porque de academia eu fujo como o Romário fugia dos treinos de futebol, vou tentar simplificar tudo e falar da simplicidade que tanto tem feito falta nas prateleiras deste mercado chamado vida moderna, ou como diriam lá no interior - modernosa.

Simples é pão na chapa com pingado em copo americano. Simples é arroz, feijão, bife (mal passado) e batata frita - minha mãe ainda incluiria nesta simplicidade uma "saladinha". Mas estas eu não como. Não sou coelho. Simples é cheiro de chuva, essa é boa. Percebeu que nas coisas simples a chuva até tem cheiro? Mais simples que o cheirinho de terra molhada é tomar banho de chuva. Simples é fazer o que se gosta por mais brega ou cafona que isto pareça. Ou vai me dizer que você jogou fora a coleção de figurinhas só porque cresceu? Sério? Hummm.. Então você vai dizer também que nunca mais se pegou brincando de carrinho nem que fosse com o celular? 

Bom, criança simples vira adulto simples e viver a vida com uma visão simplificada é tão mais prático. Max Weber, George W. Bush e João Dória Jr. que me desculpem, mas o simples é mais feliz. Sabe aquele papo de estilista que diz que "o cinza é o novo bege"? Então, se eles entendessem de simplicidade diriam que o simples é o novo simples.

Mas como podemos cobrar destes senhores simplicidade? Hoje em dia o cidadão acorda, cedo pra burro diga-se, e já está atrasado. O rádio relógio já é peça de museu, ai você escuta "meu celular não despertou" - não sabia que ele também dormia, sempre respondo isto. Já acordado o cabra pega um trânsito dos diabos para chegar no trabalho. Se estiver chovendo então esquece, as básicas duas horas para ir para o escritório viram três e meia, com direito a um quase infarto. Mas para que se preocupar. Este mesmo sujeito tem dois celulares (um blackberry e um Iphone) e claro que não poderia faltar o rádio Nextel. Tem notebook e aquele pinguelinho de banda larga 3G para uso móvel. O escritório está no carro para que se preocupar né não? Ué, se estava no carro também estava na casa então para que sair dela para ir para o próprio escritório. Ahh sim claro, estes senhores não são simples...
O simples é prático, vê o mundo com olhos de criança que se lambuza comendo resto de massa de bolo que fica no pote e não como um adulto fissurado por emagrecer que vive devorando barras de cereal.


Conheço pessoas que vivem relacionamentos simples que duram uma vida inteira. Um dos problemas do "simples" é justamente isto. Ele existe para projetos de longo prazo, mas com tantas correrias nossas do dia-a-dia o prático substitui a simplicidade. E este prático tem um quê de globalização e agilidade muito fortes para serem simplificados por nós.
Dizem que Deus é simples. Tenho uma idéia muito peculiar sobre esta simplicidade. Deus às vezes me parece uma criança brincando com o baldinho de areia numa praia deserta num por-do-sol. O baldinho é o mundo,  a vida. A areia em seus infinitos grãos, somos nós. O fim do dia é o tempo simples e eterno do Divino, do celestial. Qualquer coisa além passa a ser complicado. Simples assim.















quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Crônicas Imperfeitas - Gênios nossos


A gente cresce ouvindo que temos que ser o melhor no que fazemos. Temos sempre que dar o melhor de nós em tudo o que nos acontece, no relacionamento, na família, com os amigos, na faculdade, no trabalho. Muitas e muitas vezes isso é trabalhoso, desgastante como atravessar um caminho feito com brasas. Outras vezes, ser o melhor no que fazemos é tão fácil quanto amarrar o cadarço do tênis. Para estes, nós damos o nome de gênios.

Antigamente a inteligência das pessoas era medida pelo famoso Q.I. mas o tempo passa, o mundo gira. Hoje QI tá mais pra “quem indica” do que para uma forma de medir nossa capacidade intelectual. Diz, a psicologia moderna, que existem vários tipos de inteligência: a musical, a emocional e por aí vai. Gosto da inteligência gastronômica. Saber cozinhar é um dom. E de dom todos os gênios tem bastante. E de gênios, não vou me atrever a definir quem são, pois os temos aos poucos. E estes poucos estão nos deixando.
Gênio que é gênio foge aquela regra básica de que “ninguém é insubstituível”. Não é uma ova. Onde está o novo Mozart? Onde está o novo Dostoievski? Onde está a nova Tarsila? Onde está o novo Senna? Onde senhoras e senhores, meninas e meninos, está o novo Steve Jobs?

Os gênios estão se indo..

Mas, os gênios não necessariamente precisam ser famosos, pessoas históricas. Os gênios nossos de todo dia, são em sua maioria anônimos neste mundão grande de meu Deus sem porteira e sem fronteiras.
Fala pra mim se pegar aquele atalho sem trânsito não é algo genial – dica do colega de trabalho com quem você mal conversava. Ou então, devorar aquele cachorro quente daquela barraca que tem aquele “tio” que faz aquele lanche com aquele purê? depois de um dia de cão?  Pode ser a mãe, um tio, um amigo do peito. Gênio que é gênio faz coisas simples, ou melhor, faz do caos e das dificuldades coisas simples.. Gênio da raça transforma Pitt Bull em Poodle, simples assim, como pão na chapa.

Dos nossos gênios, bons no que fazem, porque fazem bem e com amor e uma devoção quase palpável, nos sobra o legado. Gênios do bem e gênios do mal têm coisas em comum. 
A genialidade e a necessidade de fazer história. A escolha do caminho que percorrem é onde se diferencia mocinhos dos malvados. Também quando era criança, pintavam o Hitler como um demônio, o Senna como um herói e os nerds como o futuro do planeta. Nisto tudo, não erraram em nada.
Genial é verbo que só gênio conjuga. Da mesma forma que amar é verbo que só os românticos incuráveis podem praticar.
Gênios, gênios, fico com os do bem. É mais a minha cara. Faz bem à alma e servem de inspiração, para nós, que nem cadarço de tênis às vezes, conseguimos amarrar.

domingo, 2 de outubro de 2011

Crônicas Imperfeitas - Os politicamente corretos

Há um certo tempo, venho pensando em escrever de forma mais descontraída, sem apelos jornalísticos, sem falar da bandidagem que se apossou de Brasília, ou falar das tragédias econômicas destes doutores que mau sabem somar dois com dois e levam o país para o caos anunciado da inflação, enfim. Vou dar a este espaço uma série de textos chamados de "Crônicas Imperfeitas"  

Já reparou como o mundo anda chato? Acho que o maior símbolo da chatice atual é a pizza de tomate seco com agrião. Quem em sã consciência pede pizza disto? Pior ainda, quem foi o pizzaiolo light que criou este sabor? Com certeza é alguém casado com uma anoréxica mental que vive de regime. Cansado da patroa reclamar das gorduras que só ela vê criou o raio da pizza de tomate seco com agrião. Pizza, que é pizza tem que ter queijo, catupiri, orégano, presunto e claro molho de tomate.

E olha que ser chato dá um trabalho. O mundo anda tão chato que até nome bonitinho hoje dão para os chatos - são os chamados politicamente corretos. Ahh Faça-me o favor. Politicamente corretos devem ser os que fazem uso disto como profissão, ou seja, os políticos. 

Bons tempos em que podíamos ser normais e não sermos encarados como pessoas desviadas dos bons costumes politicamente corretos. Tomar cerveja até onde se sabe não é crime, mas tomar uns chopps acompanhado de torresmo ou parmesão empanado, para os doutores do politicamente correto é praticamente um duplo homicídio triplamente qualificado. Triplamente porque juntamente com o chopp e o torresmo sempre tem uma cachacinha pra encerrar a fatura.

Antigamente, corinthiano ia ao estádio junto com o primo palmeirense. Isso lá nos idos de 1900 e todos, hoje não se pode nem vestir a camisa do clube do coração dependendo para onde se vai. Aliás, hoje em dia usa-se mais camisas de times europeus do que brasucas. Nosso craques, em sua maioria jogam por lá. Futebol, neste mundo chato, é mais negócio do que esporte e não dá pra competir com salário em Euro. Estão errados?? Não. Nós é que ficamos pra trás nesta corrida. Chatos que somos, não percebemos que o eterno celeiro de craques mudou para polo exportador. Aí chato é ver os joguinhos do brasileiro todos nivelados por baixo. 

Nestas idas e vindas dos chatos, podemos usar como termômetro os relacionamentos. Hoje em dia estão dando peso para quem fica. Façam-me outro favor. Ficar é só ficar. Tem gente que fica, termina e dá peso a isto como se tivesse vivido um relacionamento de quinze anos e dois filhos. Chatos, chatos. Ser adepto do beijar por beijar é uma opinião que cada um carrega. Particularmente não sou a favor (olha eu sendo chato), mas não se pode hoje dar peso de bicicleta para um ônibus.
Um outro ponto importante neste mundo particularmente chato e politicamente mané é a opinião alheia. Vivemos num mundo onde opinião virou ofensa, não se pode falar mais nada sobre nada, tudo o que se fala e é contrário as convenções sociais dos bons modos é tido como crime.
Um grande exemplo disto, embora um exemplo até um pouco antigo é uns dos últimos livros escritos pelo mestre Wood Allen. O título original é "Mera Anarquia", no Brasil ele foi lançado como "Fora de Órbita" que é o título de uma das crônicas. Qual o medo de uma simples anarquia? De um simples livro?


Quando eu era criança e isto não tem muito tempo, lembro-me que o mundo era menos "burrocrático". Não por ser criança, mas por que os adultos também eram mais simples. Era sim, sim, não, não, pão, pão, queijo, queijo. Hoje em dia, pão com queijo? Só se for pão integral com queijo light - pacas pacas... Até queijo light inventaram. Alguém já comeu aquilo? Tem gosto de isopor com ajinomoto. Hoje os adultos, adeptos desta cultura do não coma nada porque tudo faz mal, não sabem decidir se usam camiseta ou camisa polo listrada para simplesmente dar uma saída. Chatos que são, não podem nunca estar fora da moda. Só que de moda mesmo, eles entendem é nada. 
Aliás, quando criança podia brincar na rua, na terra. Hoje em dia praticamente as crianças, todas elas quase, são mini-adultos. Aula de inglês, francês, piano, karatê, judô, yoga... Parem tudo.. Parem tudo.... São apenas crianças... nada além disto, nada mais do que isto.. nada do que nós já não fomos...  Sabe o que estas crianças ganharão quando chegarem à vida adulta? Diplomas de chatos.


A impressão que se dá é que estes senhores, donos da razão do politicamente correto, criaram uma bolha fascista e ditatorial - não são os nerds que dominaram o mundo, foram os babacas mesmo.
Acho que depois disso tudo, me resta pedir uma pizza quatro queijos, de sobremesa uma bomba de chocolate e para abrir o apetite uma boa dose de Red Label (três dedos e duas pedras de gelo).