domingo, 2 de outubro de 2011

Crônicas Imperfeitas - Os politicamente corretos

Há um certo tempo, venho pensando em escrever de forma mais descontraída, sem apelos jornalísticos, sem falar da bandidagem que se apossou de Brasília, ou falar das tragédias econômicas destes doutores que mau sabem somar dois com dois e levam o país para o caos anunciado da inflação, enfim. Vou dar a este espaço uma série de textos chamados de "Crônicas Imperfeitas"  

Já reparou como o mundo anda chato? Acho que o maior símbolo da chatice atual é a pizza de tomate seco com agrião. Quem em sã consciência pede pizza disto? Pior ainda, quem foi o pizzaiolo light que criou este sabor? Com certeza é alguém casado com uma anoréxica mental que vive de regime. Cansado da patroa reclamar das gorduras que só ela vê criou o raio da pizza de tomate seco com agrião. Pizza, que é pizza tem que ter queijo, catupiri, orégano, presunto e claro molho de tomate.

E olha que ser chato dá um trabalho. O mundo anda tão chato que até nome bonitinho hoje dão para os chatos - são os chamados politicamente corretos. Ahh Faça-me o favor. Politicamente corretos devem ser os que fazem uso disto como profissão, ou seja, os políticos. 

Bons tempos em que podíamos ser normais e não sermos encarados como pessoas desviadas dos bons costumes politicamente corretos. Tomar cerveja até onde se sabe não é crime, mas tomar uns chopps acompanhado de torresmo ou parmesão empanado, para os doutores do politicamente correto é praticamente um duplo homicídio triplamente qualificado. Triplamente porque juntamente com o chopp e o torresmo sempre tem uma cachacinha pra encerrar a fatura.

Antigamente, corinthiano ia ao estádio junto com o primo palmeirense. Isso lá nos idos de 1900 e todos, hoje não se pode nem vestir a camisa do clube do coração dependendo para onde se vai. Aliás, hoje em dia usa-se mais camisas de times europeus do que brasucas. Nosso craques, em sua maioria jogam por lá. Futebol, neste mundo chato, é mais negócio do que esporte e não dá pra competir com salário em Euro. Estão errados?? Não. Nós é que ficamos pra trás nesta corrida. Chatos que somos, não percebemos que o eterno celeiro de craques mudou para polo exportador. Aí chato é ver os joguinhos do brasileiro todos nivelados por baixo. 

Nestas idas e vindas dos chatos, podemos usar como termômetro os relacionamentos. Hoje em dia estão dando peso para quem fica. Façam-me outro favor. Ficar é só ficar. Tem gente que fica, termina e dá peso a isto como se tivesse vivido um relacionamento de quinze anos e dois filhos. Chatos, chatos. Ser adepto do beijar por beijar é uma opinião que cada um carrega. Particularmente não sou a favor (olha eu sendo chato), mas não se pode hoje dar peso de bicicleta para um ônibus.
Um outro ponto importante neste mundo particularmente chato e politicamente mané é a opinião alheia. Vivemos num mundo onde opinião virou ofensa, não se pode falar mais nada sobre nada, tudo o que se fala e é contrário as convenções sociais dos bons modos é tido como crime.
Um grande exemplo disto, embora um exemplo até um pouco antigo é uns dos últimos livros escritos pelo mestre Wood Allen. O título original é "Mera Anarquia", no Brasil ele foi lançado como "Fora de Órbita" que é o título de uma das crônicas. Qual o medo de uma simples anarquia? De um simples livro?


Quando eu era criança e isto não tem muito tempo, lembro-me que o mundo era menos "burrocrático". Não por ser criança, mas por que os adultos também eram mais simples. Era sim, sim, não, não, pão, pão, queijo, queijo. Hoje em dia, pão com queijo? Só se for pão integral com queijo light - pacas pacas... Até queijo light inventaram. Alguém já comeu aquilo? Tem gosto de isopor com ajinomoto. Hoje os adultos, adeptos desta cultura do não coma nada porque tudo faz mal, não sabem decidir se usam camiseta ou camisa polo listrada para simplesmente dar uma saída. Chatos que são, não podem nunca estar fora da moda. Só que de moda mesmo, eles entendem é nada. 
Aliás, quando criança podia brincar na rua, na terra. Hoje em dia praticamente as crianças, todas elas quase, são mini-adultos. Aula de inglês, francês, piano, karatê, judô, yoga... Parem tudo.. Parem tudo.... São apenas crianças... nada além disto, nada mais do que isto.. nada do que nós já não fomos...  Sabe o que estas crianças ganharão quando chegarem à vida adulta? Diplomas de chatos.


A impressão que se dá é que estes senhores, donos da razão do politicamente correto, criaram uma bolha fascista e ditatorial - não são os nerds que dominaram o mundo, foram os babacas mesmo.
Acho que depois disso tudo, me resta pedir uma pizza quatro queijos, de sobremesa uma bomba de chocolate e para abrir o apetite uma boa dose de Red Label (três dedos e duas pedras de gelo).





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