sábado, 29 de janeiro de 2011

A falta do Estado da União

Inspirado pela análise feita pelo Ernesto Varela, digo por Marcelo Taz, em seu blog, sobre o grande passo democrático que é o discurso do "estado da união" nas terras do basquete e do queijo cheddar, que aconteceu essa semana - assim como acontece todo início de ano, desde que o povo americano sabe o que é um automóvel, este blog se põem a pensar sobre o estado da nossa união, aquela das terras do futebol e do queijo minas.
Querer comparar a solidez democrática que são os EUA com a gelatinosa ditadura branca do Brasil é piada de muito mau gosto a qual não devemos nos atrever. Nunca na história como dizia o fascista light Lula, o presidente do país fora convidado pelo congresso para expressar a atual situação das coisas. Se estamos, bem, mau, se tudo vai dar certo ou se não sairemos mais da UTI ou como disse o professor Tiburcio, digo, Marcelo Taz, de onde viemos, para onde vamos.

O ponto no caso, é a falta de transparência que existe entre as duas principais casas da nossa nação sem união. O Executivo anda de forma independente do Legislativo, que por sua vez, manobra de forma idêntica. Noves fora as exigências fiscais criadas pela lei de FH, os vizinhos mau se cumprimentam no portão. Daí uma das grandes diferenças para nossos amigos do norte. Lá, a ida do presidente até o congresso mostra que a principal função do Legislativo é muito bem cumprida - a de ficar de olho no que o todo poderoso presidente faz. Simples como pão na chapa.
Bem, aí podemos somar dois com dois para fazer quatro. Se, não temos nenhum Obama, nenhum Kennedy, nenhum Clinton nas nossas casas de poder tapúia, afinal temos a Dilma, o Sarney, o Collor, o Maluf, também não devemos querer ter nenhum Allan Greenspan, já que temos o Mantega. Eu disse Mantega e não manteiga, prestem atenção, mas até agora não conseguiu-se distinguir a lisura de ambos.
E cá entramos no olho do furacão da falta do estado da união. Lá, assim como não é c á, o presidente do FED (Federal Reserve, na sigla em inglês) o banco central americano, também vai até a casa do povo, para dar suas explicações sobre como anda o bolso dos bebedores de coca. Ok, o Mantega é o minstro da fazenda e não presidente do BC, mas guardadas as proporções, as distintas funções entre brasileiros e americanos, tem o mesmo peso.

Pelas bandas de cá, onde bebe-se guaraná, nenhum desse procedimentos explicitamente democráticos ocorre e o que temos é um país onde o obscuro faz presença em nosso cotidiano. O mais novo exemplo disso é o resultado dado pelo FMI sobre as contas públicas brasileiras, que crescem como nunca antes na história, graças é claro a toda essa falta de fiscalização por parte do congresso sobre o palácio do planalto. Para ajudar a enveredar a situação, o ministro Guido Mantega, que nunca foi o que pensa ser - um grande economista, explicou que os comentários feitos pelo Fundo Monetário, foram feitos por "um velho ortodoxo que se distraiu e escreveu isso". Em um país onde o estado da união é base para a democracia, o ministro teria sido expulso de campo sem choro nem vela.
As contas do governo, a famosa austeridade fiscal, está passando por um momento crítico, uma inflação particularmente desagradável que pode vir a refletir na vida do brasileiro comum e simplesmente o que o ministro da fazenda faz é dizer que o FMI, ultrapassado em seus métodos de análise está errado sobre nossa saúde fiscal.
A falta do estado da união, pesa e muito sobre o ritmo da regência que os maestros nos dão, afinal a economia é a batuta do maestro, é ela que dá o tom da música, é aos movimentos da batuta que todos os outros instrumentos se guiam afinal como disse um assessor de Bill Clinton na campanha presidencial de 92, "é a economia, estúpido". Se ela vai mau, baubau, tudo vai mau.

Logo, devemos prestar atenção nos próximos capítulos dessa história, pois os números, que são irrefutáveis, mostram que temos tudo para que 2011 seja um ano particularmente preocupante no âmbito econômico, principalmente por termos na regência o mastro/ministro estúpido Guido Mantega, aquele que junto com outros não permite nosso Estado ter uma União.

sábado, 15 de janeiro de 2011

O voto molhado

Edney Silvestre resumiu na matéria do JN o atual estado da tragégia no Rio, em São Paulo e Minas. Tudo isso que está acontecendo não é nenhuma novidade. Toda essa tragédia que ocorre com as águas do nosso verão tropical é sempre um mal muito bem anunciado e como já disse o maestro Tom Jobim, essas águas só acabam em março. 
Explicações ? Sim, muitas, mas vamos nos ater a que melhor define e direciona tudo isso: o voto.
Políticas públicas corretas de habitação são a única solução para estas tragédias. Mas todos os nossos políticos, de todos os partidos, não são muito adeptos dessas políticas. Por que ? Porque mexer na casa dos outros, tira voto, mesmo que essa casa fique no meio de um morro, em um país tropical - ou seja, que tem verões muito chuvosos.

Dizer que nessas ocasiões, a culpa é da mudança climática, é tratar com mais desrespeito um problema que assola todas as regiões metropolitanas do país. As cidades não foram preparadas para o crescimento que se viu no país desde os anos 60, quando iniciou-se um êxodo rural, mas isso hoje também não é desculpa nos dias chuvosos em que vivemos. O mundo mudou, nossas cidades também. Hoje temos engenheiros, arquitetos que são especializados em habitações. O mundo fala em sustentabilidade, vida verde, pedale não polua, consumismo sustentável. Al Gore ganhou um Nobel da Paz, brincado de Oliver Stone. 


Pensar verde, significa agir de forma verde e não de forma eleitoreira. Nessa semana, as tragédias que invadiram a vida de cidadãos pobres em São Paulo e principalmente no estado do Rio (mais de 500 mortos contabilizados até hoje) serviram para mostrar o total descaso daqueles que foram eleitos pelo povo para representar o povo. Em São Paulo o tucano Alckmin e o demo Kassab (governador de SP e prefeito da capital, respectivamente) deram um show de lambança e se esqueceram que em boca fechada não entra mosca. Kassab disse que a tragédia só não foi pior por causa das obras que já haviam sido realizadas contra as enchentes. Mentira. A tragédia só não foi pior porque estamos em mês de férias e a cidade de São Paulo está relativamente vazia.  E, se por acaso tivessem sido feitas obras, as enchentes simplesmente não aconteceriam. O governador Alckmin foi outro que não perdeu a chance de ficar quieto. Disse que obras contra enchentes não são feitas da noite para o dia. Ok, está certo, mas e em cinco mandatos consecutivos ? Pois é esse o tempo que o partido do picolé de chuchu está no poder e nesse tempo ele foi vice de Covas, governador eleito, tendo sido reeleito posteriormente.
No estado do RIo de Janeiro, que tem fresco em sua memória as tragédias de Angra dos Reis e Niterói do verão passado, acaba de colecionar mais dor e sofrimento. Dessa vez na região serrana, onde rascunhou-se um novo dilúvio, mas sem arca e sem animais e principalmente sem planejamento público que inviabilizaria toda essa tragédia.


Vejamos: Como se diz no popular, o buraco é mais em baixo, mas um dos grandes problemas das cidades hoje são justamente os buracos - mas no asfalto. As cidades estão todas impermeáveis. Outro grande problema são as ocupações irregulares, que tem esse aspecto apenas em anos normais, porque em anos eleitorais, esse problema passa desapercebido. Temos um elefante roxo na sala, mas ninguém comenta e também ninguém age para tirá-lo de lá. Afinal, elefantes roxos geram votos e enquanto vivermos em um país que o voto e não o povo é a prioridade dos governantes, muitas outras enchentes irão devastar nossas cidades, tanto quanto uma manada de elefantes roxos molhados.