sábado, 18 de dezembro de 2010

Horrorfobia

Por esses dias, tem se visto agressões e mais agressões a gays na Paulista. A Paulista, justo ela, que é um símbolo para os gays. Um símbolo da liberdade. Liberdade mentirosa, que liberta apenas por um dia.
Esses ataques a homossexuais (que palavrinha como diria Mario Prata), mostram apenas uma coisa: Não houve mudança. Os gays não conquistaram nada. Os direitos preteridos pelos gays são os direitos de serem iguais aos demais. Simplesmente por que o são. O que se faz na cama entre quatro paredes não pode ser motivo para levar uma "lampadada" no rosto, ou um murro provido por uma arma branca - o soco inglês. A liberdade da maioria não é atacada quando em apenas um dia do ano, os gays saem as ruas (no caso Paulista, na Paulista) para celebrar seu orgulho, ela é atacada quando uma minoria é veementemente aniquilada. Sempre foi assim, sempre será, basta olhar para trás para se entender o presente.


A democracia não foi feita para os santos, como bem disseram os autores de "O Federalista", grosso modo ela é a vontade da maioria do povo. Mas a democracia tem um ponto fundamental em sua ideologia. Embora seja a vontade da maioria, ela defende igualmente a minoria - caso contrário seria um regime totalitário. E nesse aspecto, exterminar pessoas, pelo simples fato de elas gostarem de alguém do mesmo sexo, não é nada democrático. Aliás, no Brasil isso não está implícito, mas sim explícito. Homofobia é crime, tanto quanto sequestrar, estuprar ou vender cocaína. 
Coloquemos a atual situação da seguinte maneira. Se ao invés de gays sendo atacados na Paulista, tivessem sido mulheres estupradas? Ou então se jovens ricos tivessem sido sequestrados? A de se explicar e principalmente entender que o blog e o texto não estão fazendo apologia a esse tipo de crime, mas dando uma visão diferente de liberdade e por consequência, do preconceito que existe em torno de diferentes situações. Para cada caso, uma sentença diferente.
O estardalhaço que a sociedade teria feito seria bem mais gritante. Coisa de Jornal Nacional dedicar uma noite inteira para argumentar que vivemos em uma sociedade, não de poetas mortos, mas sim de monstros.


Harvey Milk e Gui Tronolone, são bons exemplos de defensores do bom combate contra a homofobia. Milk foi o primeiro gay na história americana a conquistar um cargo eletivo. Tronolone, na opinão do blog e do texto um dia também será. O que eles tem em comum? O fato de serem gays? Pelo menos sob uma primeira ótica não. O que eles tem em comum é a vontade de construir uma sociedade que aceita os gays, assim como se aceita tudo o mais que é colocado na gaveta de "diferente".
Essa etiqueta não pode ser usada para que animais ataquem as pessoas. Ataque que é se não apoiado abertamente por certos setores da sociedade, é aceitável de forma não oficial. Ou vamos agora dizer que os pastores e padres ficaram tristes e horrorizados com a pancadaria? No mínimo acharam até bom, afinal os gays são para estes, a escória do mundo. Ser gay não significa em nenhum momento não ser uma pessoa de fé.


Mas, voltando ao cerne da questão: A liberdade colorida. A liberdade constitucional de ir e vir de todo e qualquer cidadão, nos dias atuais, apenas os gays não a tem. 
Os gays, em uma interessante parcela, ricos, também são em uma interessante parcela, discretos, logo não querem exposição. E quando as pessoas de bem se calam, as demais podem dizer e fazer o que bem lhe vier na telha.
Panos de prato (um termo tronolinista) são a minoria da população gay. Eles tem mais destaque pois estão na mídia, mas não representam nem de longe a massa gay muito menos seus anseios e vontades. Que dirá as suas aspirações por liberdade e igualdade.


A homofobia é o terror explícito de dias em que a comunidade gay, navegou, navegou, mas não viu um porto seguro para ancorar. Homofobia é o nojo aos gays, é um ódio irracional e uma mostra de intolerância, não contra gays, mas contra humanos.
A horrorfobia é o medo desse terror. Horrorfobia é o nojo da sociedade contra os homofóbicos.
Abaixo a homofobia e viva a horrorfobia.



Nenhum comentário:

Postar um comentário