Aristóteles, um dos mais famosos e importantes filósofos gregos, disse: " É preciso prestar atenção na qualidade de nossos atos" e disso isso há muito tempo atrás, tanto tempo que ao que parece os eleitores brasileiros esqueceram-se disso, se é que chegaram a tomar conhecimento dessa frase. Os eleitores e também os órgãos que permitem e regem as eleições. A quantidade de candidatos aos mais diversos cargos é grande, já a qualidade é no mínimo duvidosa. O Portal EXAME, lançou nessa semana uma matéria a respeito daquelas pessoas que por diversos motivos tornaram-se famosas e consequentemente públicas e que usam dessa "fama" para pleitear seu espaço nos bastidores do poder. Tratam-se de cantores dos mais variados ritmos, apresentadores de TV, humoristas, ex-participantes de reallity shows, esportistas, ex-jogadores, ex-lutadores e por aí vai. A feira está aberta, mas apenas temos frutas podres. Por falar nelas na lista também há mulheres de todos os tipos, filé, melancia, morango e se procurar bem encontra-se até a mulher banana. O que seria muito cômico, tornou-se altamente preocupante. Afinal, qual é o preparo que essas pessoas tem para lidar com o que querem lidar ? Essas pessoas tentam vagas como deputados estaduais e federais e ao senado. Mas uma das muitas dúvidas é: eles sabem elaborar leis ? Sabem fiscalizar o que o Executivo está fazendo ? Sabem lidar com todas as questões que envolvem um país ? Pois é para isso que existem os cargos a que eles tanto desejam empossar.
Que a democracia é o estado mais civilizado para a governança, todos sabem. Que a democracia é a institucionalização da voz de todos, senão da maioria, todos também sabem. Mas permitir que qualquer pessoa sem o menor preparo chegue ao poder legislatório é bem mais complicado. Muito se cobrou a respeito do presidente Lula não ter estudado o suficiente para ser gari, que dirá presidente de uma nação, mas muitos dos que questionam isso, estão hoje pensando em levar as urnas o seu voto de confiança nas pessoas cujo o histórico público, limita-se aos famosos quinze minutos de fama. A democracia, se tivesse binóculos veria muitas nuvens no horizonte, afinal os que irão rege-la não sabem a diferença entre um tamborim e um piano.
Quando o filósofo disse que devemos prestar atenção na qualidade dos nossos atos, muito seguramente ele não imaginou que o congresso estaria tomado por figuras bizarras como as que temos para escolher, mas muito certamente ele estava cutucando pessoas que guardadas as proporções de épocas, não seriam muito diferentes das pessoas que temos hoje. A massa é guiada por esses que buscam a fama e nada mais. Quando a fama acaba, afinal, são apenas quinze minutos, como prescreveu Andy Arhol lá nos anos oitenta essas celebridades de boteco, buscam manter-se sob os holofotes usando a política para tais fins. E muitas vezes o resultado esperado é o resultado obtido.
É claro que não são apenas os louros da fama que estão em jogo, afinal, os poderes e o prestígio de um deputado ou senador não são para qualquer um - e o enriquecimento ilícito também.
No ano passado, em uma pesquisa a despeito dos trabalhos da câmara legislativa da cidade de São Paulo, que tem a sua bancada de celebridades é bom mencionar, registrou-se que a maior parte das leis e regimentos aprovados durante o ano, foi em prol da troca de nomes e batismos das ruas da maior cidade do país, ou para ficar bonito na foto a alteração de logradouros.
Aqui vale a pergunta: Esse trem tem volta ? Essa febre de celebridades instantâneas que buscam o voto dos demais simplesmente porque são ou eram famosos vai nos levar para qual estação ? A democracia corre perigo ao ter essas pessoas nos cargos que em tese, deveriam ser ocupados por pessoas capazes de bem gerar todos os recursos que os cargos dão. Até onde consta um borracheiro não pode operar coração. Porque então um ex-jogador de futebol ou uma funkeira podem ascender ao poder para ditar nossas leis, nossas regras ?
Legislar é trabalho muito sério e que envolve muitas visões, pois os deputados e senadores devem defender os seus estados e a nação em todas as esferas possíveis e imagináveis. Um diploma de alguma coisa cairia bem nessas horas. Mas a lista integra pessoas que mau sabem ler e escrever, que dirá compreender e criar leis.
Nesse panorama sobre o nosso legislativo, pode-se verificar que o povo não irá votar no menos pior, mas votará no mais famoso e mais queridinho do momento, seja esse candidato apto ou não, ex-jogador ou ex-celebridade, fruta ou bomba.
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