domingo, 5 de dezembro de 2010

Tio Sam na ativa

Essa semana, o mundo foi bombardeado mais uma vez pelo WikiLeaks: "órgão sueco que publica, em seu site, posts de fontes anônimas, documentos, fotos e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas, sobre assuntos sensíveis." conforme indica o outro Wiki - o Wikipédia. E o grande irmão, esteve envolvido em apenas 99,99% dos casos relatados pelo Leaks. De tudo um pouco e do pouco quase tudo, a diplomacia americana não tem brincado em serviço, muito menos dormido no ponto, para os burocratas de Washington não há tempo ruim, não existe crise financeira mundial que os pare.
Desde  as guerras no Afeganistão e Iraque, passando pelo urânio em países como Irã e Coréia do Norte. Até que os bebedores de coca-cola aportaram no Brasil. Do relatório da Embaixada Americana em Brasília saíram conversas muito capitalistas  e também capciosas. Após o apagão de 2009, os Yankes se botaram em alerta máximo, para avisar o Tio Sam de que "haviam boas possibilidades no Brasil." 

A nossa falta de estrutura e de segurança nos setores energético e de infra-estrutura teriam sido vistos com bons olhos para que os Estados Unidos entrassem em contato com Brasília para tapar esses buracos - traduzindo, vender a estrutura que tanto nos falta, especificamente por causa de duas palavras: Copa e Olimpíadas.
O Brasil é a boa da vez. O Brasil é o país do futuro, como diria Renato Russo. Os dois maiores eventos esportivos e lucrativos do mundo terão hora e vez na terra do samba e da bossa. E para que ambos eventos não acabem em uma palavra que rima com a bossa, o mundo inteiro está de olho na capacidade e principalmente na execução dos planejamentos sugeridos, afinal fazer maquete e lobby é fácil, fazer uma copa e em seguida uma olimpíada nem tanto.

Existe uma desconfiança mundial sobre a capacidade do Brasil para dar conta dos recados.

A ver:

  • A falta de infra-estrutura como portos, aeroportos (principalmente), redes hoteleiras e estradas.
  • A violência: se para nós tudo o que acontece já faz parte do cotidiano, para outros países é caso de intervenção das forças armadas
  • A corrupção que fará de algumas pessoas ligadas aos eventos lucrarem e muito e no caso Brasileiro na cara dura.
  • Casos como o apagão de 2009 que podem voltar a se repetir
  • A obras destinadas aos eventos como os estádios que ainda estão em fase inicial

Para o Tio Sam a conta, como toda conta, é simples: Temos o terreno, mas não temos nem cimento e nem aço.
Os Estados Unidos não se tornaram a maior potência mundial desde o início do século XX, por terem olhos bonitos. Eles praticamente criaram o capitalismo e com ele o liberalismo, o empreendedorismo e até o terrorismo. Logo, investir e de forma pesada em nações que não tem o mesmo fôlego financeiro é na verdade o maior produto tipo exportação que eles tem. Foi assim na  África, na América Latina e na Ásia e o será no Brasil dos grandes eventos esportivos. 
Não é nenhum crime tal atitude, o que acontece no caso, é que a notícia teria saído de uma instituição que habitualmente mostra o rabo preso dos outros. Que parcerias entre países, existem, todos sabem - e é bom que existam mesmo, afinal a raça é uma só, mas vindo da fonte que veio dá margem para entendimentos sombrios. O Brasil, para dar vazão a todos esses futuros eventos vai precisar sim do auxílio de outras nações. um bom e recente exemplo de negócios entre nações envolveu a França e o Brasil na história da compra dos aviões de guerra.


Noves fora, ou seja, além do episódio que envolve as oportunidades canárias, o WikiLeaks mostra que os Estados Unidos ainda interpretam o papel de "Big Brother", aquele que tudo vê e a todos controla. A China tem tido picos e picos super-econômicos que a fazem ser hoje a segunda maior economia do mundo, alguns dizem que daqui pra frente o grande dragão vai engolir a águia da liberdade. Mas números econômicos a parte, a China está muito longe de tomar o primeiro lugar. Um dos  porquês é justamente a articulação diplomática e especialmente democrática que o Tio Sam tem. 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A Camisola do Papa

Suceder o Papa João Paulo II, não seria missão fácil para ninguém, mesmo para um teólogo brilhante, inclinado a manter as tradições e as idéias da Igreja como o Cardeal e braço direito do mesmo João Paulo, Joseph Ratzinger. O Cardeal muitas vezes foi fiel defensor de todas as idéias morais, políticas e consequentemente teológicas da Igreja. Quando eleito Papa, a revista VEJA trouxe-o na capa com o título de " A Igreja congelada" - afinal não era nenhuma novidade as idéias centristas e até antiquadas que o então Cardeal Ratzinger - prefeito para a Congregação da Doutrina da Fé, exercia publicamente.

Aqui cabe uma breve análise: Ratzinger, foi o único cardeal com possibilidade de eleição que não havia sido sagrado cardeal pelo atual Papa, João Paulo II. Ambos já haviam sido amigos de vida cardenalícia inclusive na eleição que escolheu Dom Karol para o pontificado.
Segundamente, Ratzinger, pela formação teológica e católica, exercia no pontificado de João Paulo II, um papel fundamental para a Igreja: era o prefeito para congregação da doutrina da Fé. Traduzindo para o bom português: O Vaticano, sede da Igreja Católica Apostólica Romana, é considerado um Estado, ou seja, possuí uma estrutura administrativa identica a Alemanha, Inglaterra ou o Brasil - tem ministérios (as prefeituras das congregações) e tem os três poderes isolados (judiciário, executivo e legislativo) no caso todos os três estão centrados na figura do Papa, que vale lembrar é o único monarca absolutista que existe no Ocidente. Sendo o mesmo, Cardeal e prefeito (ministro) de um dos mais importantes segmentos da Igreja - na hierarquia do Vaticano a congregação para a doutrina da Fé, é a mais importante - era o mais natural a sua postura de "parede de chumbo" a favor das idéias já concebidas pela Igreja e também não seria de se espantar ter o mesmo fervor contra as idéias que a Igreja não aceita ou acredita - e em alguns casos a pauta já está ultrapassada para as idéias mediavais da Igreja.

Dado tal cenário, o hoje, Papa Bento XVI, teve acertos e erros em seu pontificado até o presente momento. Afinal, assim como seu patrício Nietzche, somos "humanos demasiado humanos" - logo estamos propensos a erros e acertos. Sim, mas isso dado numa vida papal gera tempestades e bonanças maiores do que para os demais mortais. Se uma ovelha erra, ela tem o perdão do Pastor. Mas e se o Pastoreio comete uma discrepância ? 


O fato atual considera a seguinte situação: O Papa, ao comentar para a mídia partes de textos de um livro que será publicado por ele, disse que liberou para o uso preservativos em caso de risco de contágio de HIV, em se tratando de atos ocorridos com prostitutas ou homens homossexuais (que palavrinha como diria Mario Prata), ponto, mas não o ponto final da história. Ao "liberar" com todas as aspas possíveis, o uso da camisinha, o Papa deu um tiro no pé, simplesmente porque o texto menciona deliberadamente a prostituição. Logo, se percebermos o contexto, moral e principalmente teológico, o tiro saiu bem no prada vermelho que vossa santidade ostenta. É, como um pianista que tem aulas de Mozart, mas no dia do teste cai Choppin.


A Igreja se abrir para as pautas modernas que transitam por uma sociedade cada dia mais modernizada e menos religiosa, é um dia esperado por todos. Viva o dia em que o Vaticano se abrir para o mundo. Mas não dessa forma.
Não adianta mexer no escapamento, se o problema for nos pneus. Vai andar, mas vai continuar fazendo barulho. Primeiramente: Se, a Igreja almeja liberar o uso da camisinha, ela deve fazer isso por inteiro e não por "faixa etária" do pecado, como foram as argumentações do Papa.
Segundamente: Ao liberar o uso de um método contraceptivo, a Igreja mexe diretamente no Catecismo da Igreja, afinal a Santa Sé libera o ato sexual apenas para procriação.


Mas, assim como Nietzche disse que somos humanos, demasiado humanos, ele também disse que sem música, a vida seria um erro. Sem nós humanos com nossos erros e acertos, a vida também seria um grande erro. E há poucos no mundo que entendem tanto de ambos assuntos, como o próprio Papa.
Liberar o uso da camisinha para os gays e prostitutas é apenas o começo da modernização da Igreja.  Modernização que é tantas vezes pedida pelas ovelhas e pela sociedade em geral. 
Cabe aqui o pensamento de que modernizar não é pecar. Seguir as sagradas Escrituras e a Tradição (duas pernas da Igreja) significa estar com os pensamentos e as atitudes no tempo certo, bem como disse Paulo, o Apóstolo (diga-se o preferido deste que escreve).
E tal, como o apóstolo, torça-mos para que a Igreja desbrave o mundo, sempre defendendo o bom combate.

sábado, 27 de novembro de 2010

Tropa de Elite ao Vivo


As imagens falam por si. Tanques nas ruas dos bairros e nas principais avenidas da cidade. Iraque, Afeganistão, Paquistão, Cuba ? Não, nada disso. É o Rio de Janeiro mesmo, sem a máscara da "cidade maravilhosa". Algo apertou. Alguém gritou, alguns deixaram de receber no super-esquema de corrupção que envolve todos na cidade das curvas perfeitas. Deu no que deu. Os bandidos que andavam na linha - só roubavam, sequestravam e vendia drogas e armas nos morros, desceram para o asfalto para reivindicar algo. Atear fogo em ônibus não é novidade para bandido nenhum, saber que existe algo muito maior nos conflitos que ocorreram essa semana também.
A polícia sabia que sozinha não daria conta do recado - afinal é uma engrenagem no sistema sujo. O Bope foi acionado, mas seu contigente é pequeno. Vieram os Federais, aqueles que durante o governo Lula foram os responsáveis por manter a democracia de pé - manca, mas em pé. Também não foram o suficiente. E eis que alguém finalmente descobriu que a cabeça serve para pensar e não apenas para separar as orelhas.  Alô ? É das Forças Armadas ? Tem como dar uma forcinha numa mudança que estamos fazendo aqui no Rio ?

O clima de que a mudança está historicamente ocorrendo é válido. As policias, sim no plural, estão pela primeira vez atuando em um tripé que qualquer time gostaria de ter em sua artilharia: Municipal, Estadual e Federal. Só faltou chamar o Jack Bauer ou o Frank Ottobre. E numa guerra nada como ter o equipamento e a estrutura correta para se lutar de igual para igual. Daí a vinda dos tanques e da polícia do Exército - que o presidente Lula tão generosamente autorizou a liberação. Um príncipe esse Lula !!!

Perfeito. A Vila do Cruzeiro já foi. A fuga desesperada dos bandido mato a dentro é algo para se contar para os netos daqui a alguns anos. Agora, vem o complexo do Alemão. Tadido desse comedor de chucrute. Vai estar azedo.

Mas o problema maior não pára ai. Como ficam os outros responsáveis pela bagunça ? O Governo é co-autor de tudo o que está acontecendo. Passivo como sempre por anos e anos, deixou a bandidagem tomar conta de todos os morros e viu os mesmos criaram um poder paralelo a todos os poderes que existem - inclusive o deles. Sérgio Cabral e Eduardo Paes, são tão bandidos quanto os que saíram correndo da Vila Cruzeiro. A diferença é que usam terno e andam em carros blindados. Mas o que há por dentro é tão podre quanto o há dentro de qualquer traficante que usa havaianas e bermuda jeans sem camiseta. O Poder oficial (o Executivo, Legislativo e Judiciário) deveriam ser responsabilizados por toda essa onda de violência que tomou conta das ruas das cidade maravilhosa. Eles sabiam quem, quando e como as coisas iriam se dar essa semana. Não há dúvida de que alguém lá dentro do poder oficial, deixou de pagar merenda para alguém do poder informal (os bandidos e traficantes).
Ora, por qual outro motivo eles desceriam para o asfalto para tocar terror ? Poderiam ter feito isso há tanto tempo.
E é aqui que a imprensa e os promotores de boa alma devem se engajar. Os bairros dito como nobres não sofreram ataque algum. Os ricos estão a salvo. Os mandantes da cidade (o prefeito e o governador) também. Na nossa infeliz realidade afegã, o barulho vai parar no morro do Alemão e por lá vai ficar. Seria de bom tom aproveitar todo esse contigente de policiais nas ruas para invadir o Palácio da Guanabara e a prefeitura do Rio, para botar esses bandidos do colarinho branco para correr. 

O Sistema só cai se for de cima para baixo. Foi assim na Revolução Francesa. O primeiro ato revolucionário foi prender Luis XVI. Prender esses mandantes pop do crime organizado oficial seria um tiro no avo. Seria quebrar com todas as grandes peças dessa engrenagem chamada sistema de corrupção. 

domingo, 17 de outubro de 2010

Liberdade, liberdade


Quando a alma grita até o silêncio escuta. Quando a liberdade é sufocada seu gemido é percebido até na via Láctea. Essas semanas que se passaram foram de um calor e um fervor históricos em nome da liberdade. Palavra tão complicada quanto amor, a liberdade é igualmente usada em muitos sentidos. Do político ao usual, a liberdade é empregada em diversas circunstâncias e aqui cabem duas: O Chinês Liu Xiaobo, preso por se manifestar a favor da democracia e os trinta e três chilenos mineiros presos por uma explosão no local de trabalho. Trinta e quatro almas que deram ao mundo as mais recentes e verdadeiras lições de liberdade ou ao menos da luta por ela. 


Quando os mineiros foram soterrados, acreditou-se que estavam mortos e essa dúvida foi apagada apenas dezessete dias depois que uma sonda captou sons vindo do local onde deveriam em tese haver apenas corpos. Da mesma forma, ao ser preso em 2008, Liu teve digamos assim, o seu soterramento, que uma sonda chamada Nobel da Paz veio mostrar que ele ainda está vivo e que sua boa luta em prol da liberdade e da democracia não foram obras apagadas pelo tempo.
Em um mundo onde muitas e muitas vezes os políticos que estão no poder usam e abusam das manobras para tentar destruir as forças democráticas, principalmente os líderes latinos e africanos, essas duas histórias servem de exemplo para como já dito,  manifestar as expressões do que representa a liberdade e qual a força que estas expressões tem.


Fez-se história. Nada mais, nada menos. Principalmente quando os trinta e três mineiros foram localizados vivos e resgatados vivos e sem ferimentos. Fez-se história ao premiar um ativista político que está encarcerado em alguma prisão imundo na China, que nunca conseguiu enganar o mundo tentando se passar por um país com alma democrática - bancar uma olimpíada não é sinal de boa índole, a Alemanha de Hitler já havia tentado esse caminho, simplesmente porque a democracia e a liberdade são maiores do que pose, são maiores do que imagens.


A esses dois fatos, um encerrado, já que os mineiros saíram da mina para entrar para a história e tendo o outro em andamento, pode-se resumir ou ao menos sentir a maior das expressões que a liberdade tem:


Humanidade.



domingo, 26 de setembro de 2010

Amigo Oculto

"Nada melhor do que descobrir um inimigo, preparar a vingança e depois ir dormir tranquilo" disse Stalin. José Dirceu, pensa o mesmo. No caso, o inimigo são a imprensa, a democracia e a justiça. A vingança será a eleição de Dilma para presidente e a partir daí, ninguém mais poderá ir dormir tranquilamente.
José Dirceu representa a ala de extrema esquerda dentro de um partido de esquerda que é o PT. Dirceu sempre almejou o poder, desde jovem nunca escondeu isso - da mesma forma que nunca escondeu as suas vontades soviéticas. Agora, passado os apuros do Mensalão, e com Dilma liderando as pesquisas para a presidência, Dirceu surge novamente no cenário tapuia, da mesma forma desagradável que aquele parente aparece para pedir dinheiro emprestado.

No episódio do Mensalão, obra do arquiteto Dirceu, o tiro saiu pela culatra. Roberto Jeferson, achou que estava levando pouco - pediu mais, ganhou um não e aí pôs a boca no mundo - o que tirou José Dirceu da Casa Civil e consequentemente da corrida presidencial. Mas não tirou o poder das mãos do já todo poderoso José Dirceu. Ele, continuou mandando nos dois mandatos de Lula, só que atrás das cortinas atuando diretamente nas decisões do planalto e nos estados onde o PT venceu.
Dirceu, apareceu novamente da forma mais bombástica possível - em uma reunião com sindicalistas petroleiros na bahia que acreditava ele ser uma reunião fechadíssima estava na platéia um jornalista - para felicidade geral da nação que claro meteu a caneta nas palavras do líder esquerdopata. O resultado foi como jogar pedra em vespeiro e todo mundo chiou para os absurdos ditos por alguém que deixou claro para que veio ao poder, que sabe muito bem o que fará em Brasília, quando Dilma for eleita - o que aparentemente irá se concretizar. No seus discurso foram expostos um a um os inimigos nada invisíveis dos planos soviéticos, fidelistas e bolivarianos que Dirceu tem para o PT no poder. Destruir a imprensa, a justiça e a liberdade - nada menos do que isso.

Seus planos ganham força a partir do momento em que as duas casas Legislatórias (Senado e Câmara) devem ser renovadas com grande parte de parlamentares petistas e peemedebistas o que deixará o Brasil a um passo de ser a nova Venezuela, aquela que em vista grossa é um país democrático. Foi assim sob o comando de Chavez. Será assim sob o comando de Dilma e Dirceu. A diferença a agora é que Dirceu trabalhará de forma oficial para o governo e não mais de forma oculta como tem sido.
O fato como um todo é que, José Dirceu, de forma curta e grossa deixa claro que o país tomará os rumos do socialismo que havia tentado trilhar em 64. Dizer agora, que um novo golpe militar é exagero pode servir de desculpas, mas dizer que estamos entrando em uma onda vermelha onde Dirceu e Cia transformarão o Planalto em um novo Kremlin e que a Polícia Federal será a MGB do século XXI não é assim tão escabroso.

Aguardemos para ver se o navio chamado democracia, aguenta mais essa tempestade.




segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sal e Pimenta



A oposição no Brasil existe tanto quanto a democracia na China ou na Nigéria. Um dos maiores problemas do atual cenário político é a exatamente a falta dela. O PSDB entregou os pontos há muito tempo. A direita jogou a toalha antes de começar o primeiro round e claro, tendo a ocasião bem a sua frente a esquerda petista deitou e rolou.
A oposição em tempos não eleitorais deve ser como o sal. Deve temperar a política para que a situação não torne as coisas insossas ou seja corruptíveis como fez o PT ao chegar em Brasília em 2003. Lula e sua turma disseram ser hipertensos e a oposição acreditou.  O Sal, bíblico que é, não esteve na dieta da direita desde que esta tornou-se oposição. A direita, como toda direita, sempre foi considerada elitista e como toda elite não gosta de fazer barulho. PSDB, DEM e Cia limitada esqueceram de salgar o Legislativo e principalmente o Executivo nos últimos oito anos. Lula, faz o que quer, pois não há salmoura que o detenha.

A pimenta que sempre dá um gosto especial para qualquer prato, deveria ser usada em tempos eleitorais e principalmente eleitoreiros. A oposição deveria apimentar as eleições – assim como fez o candidato de extrema esquerda Plínio de Arruda.
Os grão-tucanos entraram na disputa presidencial achando que estavam jogando dama com um vizinho e no final das contas a pimenta entrou nos olhos de todo o tucanado principalmente os de José Serra, que desde sempre tomou caminhos errados nesta campanha – o principal erro foi não ter um discurso de uma direita que está cansada de tanta corrupção nesta terra sem lei. Segundamente Serra fez em alguns momentos discursos que pareciam mais de uma esquerda moderada do que uma direita central – como é a ideologia do PSDB, mesmo tendo como vice um representante da direita quase extrema que é o DEM.

Faltou tempero no molho tucano desde que Sérgio Guerra (senador pelo CE e presidente nacional do PSDB) assumiu a coordenação da campanha de Serra. Guerra já tinha em seu histórico a derrota de Geraldo Alckimin nas eleições passadas, quando Lula se reelegeu com uma mão nas costas. O tom daquela campanha tucana, não destoa muito da atual – os resultados também não. Mas o que é mais preocupante não é o tom e a forma usados pelo PSDB em suas campanhas eleitorais. O que preocupa é justamente a falta de sal e pimenta, ou seja a falta de oposição, que a Oposição não teve força para exercer – ou seria vontade em oito anos de mandato petista. Desde que Lula chegou ao poder, os escândalos de corrupção o acompanharam, a saber: 
  • Mensalão;
  • Morte do prefeito de Santo André;
  •  Dinheiro ilícito;
  • Caixa dois;
  • Artimanhas de seu filho Lulinha que hoje é o dono da Embratel;
  • Ataques contra a imprensa;
  • Espionagem e vazamento de informações confidenciais de adversários políticos.



Em nenhum desses episódios a oposição gritou, chiou, esperneou ou fez qualquer coisa do gênero. Não colocaram nem um pouquinho de sal ou pimenta no banquete de falcatruas que a esquerda petista dá em grande escala país afora e aí a política brasileira cai em uma grande armadilha, pois como disse Benjamim Desraeli, ex-primeiro ministro britânico "nenhum governo pode ser sólido por muito tempo se não tiver uma oposição temível".
Se uma oposição que não é temida, já está enfraquecida, que dirá a total falta dela, como se vê hoje no país.

A oposição, com seus candidatos, que gritam sem nexo nem contexto no deserto, ajudam e muito aos esquerdopatas a permanecerem no poder. Lula tem quase oitenta por cento de aprovação, parte disso é mérito dele a outra parte é demérito da oposição que conseguiu aos pouquinhos marcar um golaço contra a democracia e isso é um mérito todo deles.


domingo, 5 de setembro de 2010

Cala a boca humor

O teste de QI, mede o corpo da inteligência, já o humor, mede a alma. Alma que foi definitivamente exorcizada pela censura no país. Até semana passada, vigorava uma lei que PROIBIA os humoristas de diversos tipos (cartunistas, apresentadores, imitadores e etc) de se manifestar no período eleitoral. Um comediante imitando o Lula, estava fora de cogitação - se fizesse, o comediante ou o veículo a qual pertença  receberia uma multa, simples assim. Na sexta-feira passada, dia 28, essa lei caiu graças ao bom censo de um juiz.
No estado soberano da democracia, a opinião alheia a nossa deve ser respeitada e não calada. Não é de hoje que as pessoas usam do humor para se manifestar contrários a algo ou a alguém e isso ocorre mundo afora. Mas foi aqui, no Brasil que os narizes vermelhos tiveram de se calar. Tudo bem que a lei caiu e que agora isso faz parte do passado, mas o que fica é exatamente a sensação de que a democracia no país varia de acordo com o humor dos governantes. Se, o presidente do país acorda de bom humor - viva estamos salvos por um dia, agora se ele acorda de ressaca -  o que deve ocorrer com certa freqüência, estamos todos perdidos, porque ele vai vomitar marimbondo na Constituição.
A impressão que se tem, ao ver tais fatos, é que o brasileiro não aprendeu nada, mas absolutamente nada com o regime militar que vale lembrar durou vinte anos. Uma geração inteira viveu seus primeiros anos sob a opressão militar que não permitia a liberdade de expressão, fosse no campo artístico ou no jornalístico.


Dessa vez foi o humor, amanhã pode ser a religião e depois a ideologia política. Embora essa idéia seja um tanto dramática, é fato que as grandes opressões e as grandes ditaduras que já existiram no mundo começaram assim, calando alas da população que aparentemente não tinham tanta importância. Exemplos não faltam. A sociedade em pleno século XXI, ainda não tomou conhecimento de seu verdadeiro poder - o poder do voto. Votar não significa apenas ir às urnas no dias das eleições - é preciso mais, é preciso uma espécie de "pós-venda" do voto, simplificando: os eleitores tem mesmo total conhecimento das idéias de seus candidatos ? Infelizmente a resposta é um sonoro não.
Houve essa tentativa de calar os humoristas, que até poderiam ficar mudos, mas cegos jamais - daí os protestos em forma de humor, daí a indignação que usa do riso para se manifestar e principalmente pensar. Jerry Seinfeld pai do Standard Comedy, disse certa vez que não existe nada mais real e verdadeiro do que a comédia. Se alguém contar uma piada e ela realmente não for engraçada e inteligente, quem  escuta não rirá, e no Brasil, não existem verdades maiores dentro do cenário político do que as piadas feitas a respeito da má governança dos políticos.


Mas cabe aqui uma colocação: os humoristas estavam proibidos de se manifestar. Mas é permitido a qualquer tipo de pessoa se candidatar aos cargos públicos, inclusive palhaços profissionais. Sim, viver a plena democracia significa dar espaço para todos, mas deixar que pessoas sem a menor qualificação técnica engajem na vida política, fazendo parte do Legislativo e do Executivo, é uma piada de tremendo mau gosto. Um dos maiores problemas do Brasil é exatamente esse - permitir que qualquer um candidate-se a cargos públicos da magnitude dos Poderes. Até hoje é difícil aceitar que o presidente do país não tenha uma faculdade. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral), órgão máximo de controle eleitoral no país, nunca se manifestou contra essas situações.
Tentar calar o humor, justificando que as piadas eram deboche dos candidatos, foi um verdadeiro tiro no pé, por parte dos que redigiram tal lei. Não é que os humoristas vão se vingar, mas a fenda aberta talvez jamais se feche novamente. Deve-se tentar acabar com a corrupção e consequentemente calar os corruptos - preferencialmente colocando-os atrás das grades.


Para finalizar e lembrando um dos humoristas mais conhecidos do país, se entrevistassem Tião Macalé a respeito desse episódio ele com certeza diria: NOGEEENNTTOOO !!!!